O que é não-violência?

A não-violência tem como princípio básico o reforço da noção de cidadania por meio do direito de rejeitar injustiças sem o uso de violência.

O conceito de não-violência surgiu no século XX com Mahatma Gandhi, advogado anticolonialista especializado em ética política, que  disseminou estratégias de desobediência civil durante a luta pela independência da Índia. 

O pastor e ativista político Martin Luther King, líder do movimento pelos direitos civis dos negros, nos Estados Unidos, também utilizou métodos não violentos como instrumentos de mudanças sociais.

Da esquerda para a direita: Cláudio Soares de Azevedo, Sidnei Cruz (presidente do Sindicato), João Breno (presidente do sindicato durante a greve) e o advogado Mário Carvalho de Jesus. Foto tirada em 1992 e publicada no livro “Cimento Perus – 40 anos de ação sindical transformam velha fábrica em centro de cultura municipal”.

No Movimento Queixada, a não-violência foi muito importante para o fortalecimento do Sindicato dos Trabalhadores Indústria Cimento Cal E Gesso São Paulo (localizado em Perus na rua Padre Manuel Campello, 182) e da luta operária. 

“O violento tenta provocar o não violento para que ele abandone sua arma principal: o uso da não violência-ativa”, escreveu João Breno Pinto no livro A Força da Não-Violência – A Firmeza Permanente (1977, Loyola Vega).

Firmeza permanente e a não-violência-ativa

A chegada do advogado Mário Carvalho de Jesus ao sindicato de Perus, no ano de 1954, possibilitou a mobilização dos operários – antes desarticulados – em prol dos seus direitos trabalhistas (fim dos atrasos salariais, menores jornadas, melhores condições de trabalho, etc.).

Na década de 1960, a Frente Nacional do Trabalho (que tinha Dr. Mário como um de seus principais articuladores) participou de movimentos coletivos, realizando trabalhos de assistência jurídica e, também, conscientizando os trabalhadores sobre estruturas de opressão.

A FNT esteve presente em movimentos grevistas em diversas fábricas: Rhodia, Tecelagem Santo André, Usina Miranda, Fábrica de Cimento Portland Perus, Companhia Melhoramentos de Papel, biscoitos Aymoré, entre outros.

Em 1962, Jean e Hildegard Goss, integrantes do Movimento Internacional de Reconciliação, visitaram Perus e identificaram princípios da não-violência na greve que tinha acabado de ser iniciada e duraria sete anos. 

“Nós não entendemos bem porque “não-violência”, nos parecia uma expressão pobre para uma atitude que exigia muita coragem. Foi então que Jean Goss acrescentou a palavra “ativa”: “não-violência ativa”. Atualmente, desde 1973, vimos usando a expressão “firmeza permanente” para identificar a não-violência”, apontou Mário Carvalho em seu artigo. 

Greve de fome

Dentro de uma série de atitudes não violentas tomadas pelos Queixadas está uma greve de fome, entre o natal e o ano novo de 1962 para 1963, no Largo São Francisco, no centro da cidade de São Paulo. O objetivo era mobilizar a opinião pública sobre a greve e a situação dos queixadas. 

No livro Cimento Perus – 40 anos de ação sindical transforma velha fábrica em centro de cultura municipal, João Breno descreveu:

“Nessa greve de fome a gente sentiu que não era uma greve de protesto, mas um ato de humildade. Tinha que estar ali deitado ou sentado na praça, sem comer. E, apesar do burburinho do povo, isso forçou a uma meditação conosco mesmo, refletindo as discussões e as conversas que saiam do pessoal que vinha (curiosos, gente de outras religiões, cada um aproveitando à sua maneira)”.

Dicas de leitura

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