Jaraguá é Guarani: conheça o segundo álbum da banda Indaíz

Jaraguá É Guarani, segundo disco da banda Indaíz,  fala sobre a luta pela demarcação das terras indígenas no bairro paulistano do Jaraguá.

O  disco, além de abordar a luta sociocultural da região noroeste da capital paulista, cria um vínculo entre favelas e aldeias indígenas, que vivem contextos semelhantes em diversos aspectos.

Ao todo são oito faixas: “Este disco representa nossa resistência, pois o trabalho da Indaíz nos faz sair da  sobrevivência para existir dentro do contexto atual como artistas e moradores da  Periferia de São Paulo”, diz o vocalista e compositor Sandro Indaíz. 

Segundo Sandro, o disco mostra, na prática, que é possível dar continuidade às lutas travadas no território Noroeste.  

Faixa “Jaraguá é Guarani”

A faixa título, “Jaraguá é Guarani”, abraça a causa dos indígenas da  região noroeste de São Paulo.

Ela foi lançada como single em maio de 2020, durante a ocupação Guarani contra a especulação imobiliária  criminosa no Terreno de mata nativa próximo a Tekoa Pyau.  

Para quem não sabe, na região noroeste da cidade de São Paulo,  no bairro do Jaraguá, estão localizadas seis aldeias da etnia Guarani  Mbya.

Povos indígenas e moradores de comunidades estão separados por uma  tênue linha, infelizmente marcada pelo preconceito e falta de informação.

A música funkeada conta com  as participações de Elaine Alves da Banda Ambulantes, e do grupo  de rap indígena Oz Guarani. 

Escute a música:

Outras faixas

Cinza e Marrom é um chamado de atenção para pessoas em situação de rua. A banda indaga se é opção viver nessa situação.

Longe tem como  referência o povo nordestino e o sua força na buscar da realização de seus sonhos por meio do trabalho. 

A guitarra de Busque é inspirada na de Lúcio Maia, da banda Nação  Zumbi. É um som cadenciado que incentiva a busca  pelo conhecimento. Lona Terra Madeira é uma musica que grita  pelo direito à moradia. 

Outro Mundo conta com a participação especial da rapper e  ativista ameríndia Brisa Flow, que recebeu duas vezes o Prêmio  Olga Mulheres Inspiradoras (do coletivo Think Olga). Seus versos em espanhol incentivam a  descolonização de corpos e dicionários. 

Indomável Raiz, expressão que originou o nome da banda versa sobre as imposições do sistema político branco, hétero e masculino, de uma estirpe fissurada em cifrões, que sufoca  vozes. Dandara eu sou, canta Sandro Indaíz, enaltecendo a  mulher.

Favela e Aldeias, termo onipresente na realidade da Indaíz, é uma  fala sobre racismo, morte nas quebradas, genocídio do povo  preto e LGBTQIA+. É uma passagem rápida e chocante de Vagner Souza, do Sarau da Brasa

Flechas conscientes

“Nossa música, nossa  verdade. Somos flechas conscientes pela causa Jaraguá é Guarani. Somos flechas afiadas de arte e cultura livre, contra esse governo fascista. Sem violência, com inteligência e  ciência periférica mostramos para o mundo que os povos das florestas e das  favelas podem construir juntos um Brasil mais justo e libertário”, afirma Sandro. 

Homenagem ao Mestre Soró

O álbum é dedicado ao grande mestre Soró, que fez sua passagem no final de 2019.

Sobre a Indaíz

Indaíz, a Indomável Raíz (inspirada na biografia de Nelson Mandela), evoca a ideia de uma essência não domesticável, possuindo uma firme rebeldia.

Da raiz ainda vem a ideia do alicerce, conexão com a terra, respeito e reverência às origens. Assim, surge em 2009, na periferia de São Paulo, a banda Indaíz. 

O quinteto – formado por Sandro Indaiz (compositor, vocal e guitarra base), Bob Della Rua (bateria), Sóstenes Matusalem (contrabaixo), Zazera (guitarra solo e voz) e Marcelo Jah (teclado) – escolheu o reggae para transmitir suas mensagens de consciência política e social.

Suas influências vêm das lutas periféricas, de movimentos populares e rimas de rodas de samba, rap e saraus de poesia.

Em 11 anos de estrada, a banda lançou o disco Favela (2014), e marcou presença em vários palcos da cidade como: Virada Cultural, Centro Cultural da Juventude – CCJ, Teatro Municipal de Barueri, Projeto “A Rua Fala”, Dia Municipal do Reggae, CEU’s, Fábrica de Cultura e Sesc.