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Mário Carvalho de Jesus
Miniatura
AEL Unicamp
Datas-limite
02/10/1919 | 14/12/1995
Local de origem
Araguari - MG
Sobre
Nascido em 02 de outubro de 1919, em Araguari (MG), o advogado Mário Carvalho de Jesus teve a sua vida marcada pela militância.
Segundo relatos de quem o conheceu, o filho de Augusto de Jesus e Antonia Izabel de Jesus, Dr. Mário, como era chamado, se mostrava incansável na busca por uma sociedade mais igualitária.
A vida de militante começou em 1942, quando passou a fazer parte da Ação Católica, por meio dos movimentos JUC - Juventude Universitária Católica e JOC - Juventude Operária Católica.
Ao se formar em Direito, como advogado trabalhista, ganhou uma bolsa de estudos e foi viver na França. Lá, trabalhou em fábricas e teve a oportunidade de conhecer o sindicalismo francês, convivendo com o Movimento Operário Cristão.
O advogado volta ao Brasil e, influenciado pela pluralidade sindical e pelo conceito de contrato coletivo de trabalho, nota o quanto era prejudicial para os trabalhadores brasileiros a estrutura sindical imposta pelo governo de Getúlio Vargas.
O Dr. Mário então decidiu que dedicaria a sua vida a causas trabalhistas, defendendo os interesses dos trabalhadores e de organizações sindicais.
Foi procurado por operários do Sindicato dos Trabalhadores do Cimento, Cal e Gesso de São Paulo, funcionários da Indústria de Cimento Portland, para defendê-los juridicamente contra as práticas do empresário J.J Abdalla.
O advogado expôs para os operários que ganhar a causa trabalhista não evitaria que Abdalla continuasse cometendo injustiças. Então, ele propôs que lutassem contra a causa que causava essa realidade.
Os sindicalistas, entre eles João Breno Pinto, aceitaram o desafio. Ao lado de Breno, Mário foi um dos fundadores da FNT - Frente Nacional do Trabalho, em 1960.
“A experiência concreta do dia a dia nos ensina que o trabalhador - embora tido como fraco, indeciso, indiferente - pode transformar-se num forte, se puder contar com o testemunho dos que fazem com ele, e não para ele” (PIRES et al, s.d., p.14), dizia o advogado trabalhista.
A militância de Dr. Mário, sem dúvidas, fortaleceu a organização sindical dos Queixadas.
As experiências dos Queixadas - de lutas e vitórias - se tornaram conhecidas em outras classes trabalhadoras, que passaram a procurar o Movimento Queixada para unificar forças.
"Unidos, conseguiremos o que está na lei e até um pouco mais; unidos, poderemos até mudar a lei. Desunidos, não conseguiremos nem o que está na lei. O que falar então no que diz respeito à transformação da sociedade desigual em que vivemos, numa sociedade igualitária?" (PIRES et al, s.d., p.16), questionou o Dr. Mário.
Doutor Mário conheceu a não-violência ativa em 1962, quando recebeu - junto com os operários da Perus - a visita de Jean e Hildegaard Fosse, militantes do Movimento Internacional de Reconciliação.
O advogado contribuiu para a aproximação de setores da hierarquia católica e as lutas em defesa dos direitos humanos. Desse modo, a não-violência ativa alcançou outras igrejas cristãs.
Frente à repressão do período da ditadura militar, Mário foi o principal articulador do processo que levou à fundação do Secretariado Nacional Justiça e Não-Violência, em 1978.
Mário Carvalho de Jesus morreu em 14 de dezembro de 1995.
Referências utilizadas no texto "Sobre"
Pires, Salvador. Kramer, Carmem Míriam. Pinto, João Breno. Mário Carvalho de Jesus um testemunho digno de ser lembrado. São Paulo: Frente Nacional dos Trabalhadores, s.d
Nome utilizado nos documentos do CMQ
Jesus, Mário Carvalho de
Documentos de Coleções e Fundos
CMQ PERI 00067 | CMQ REF 00001 | CMQ REF 00012 | CMQ REF 00021
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Assuntos Relacionados
Industrialização > Fábrica de Cimento | Firmeza Permanente | Movimento operário > Greve | Religião > Igreja Católica | Movimento operário > Queixadas | Movimento operário > Sindicalismo | Trabalho
Autor(es) e Data de Produção/Atualização
Autor(a)/Revisora
Sheila Moreira
Data de Produção/Revisão
18/01/2021