Coletivos de Perus se unem para relembrar 60 anos da luta Queixada

São Paulo – De 7 a 28 de maio, os coletivos sociais e culturais de Perus realizam diversas ações para recordar a ‘Greve dos 7 anos’, considerada a mais longa paralisação do Brasil, ocorrida em Perus, de 1962 a 1969.

Para relembrar essa importante data, o Movimento pela Reapropriação da Fábrica de Cimento Perus convidou os coletivos do bairro para a realização de uma série de eventos que remontam a trajetória dos trabalhadores Queixadas, assim como o legado de União e Firmeza Permanente deixado por eles, que ainda hoje está entre os principais pilares de movimentos populares do território. 

Integram a ação a Associação dos Trabalhadores Aposentados da Indústria do Cal Cimento e Gesso de Perus, Ocupação Artística Canhoba, Biblioteca Padre José de Anchieta/José Soró, Coletivo Noroeste Paulo Freire, Centro de Memória Queixadas – Sebastião Silva e Souza (CMQ), Comunidade Cultural Quilombaque, Agência Queixadas, Casa Preta Perus, Casa do Hip Hop Perus, entre outros. 

Todas as atividades são presenciais, abertas para o público geral e gratuitas!

Durante o período, serão divulgados conteúdos relacionados à temática nas redes sociais das diversas coletividades. Também será possível enviar agendas de ações (entre outras informações) para divulgação nos sites do CMQ e da Agência Queixadas. Os materiais devem ser enviados para os e-mails sheila@cmqueixadas.com.br e contato@agenciaqueixadas.com.br

CONFIRA A PROGRAMAÇÃO

  • 07/05 – Inauguração da Agência Queixadas

Exibição do documentário Turismo de Resistência, lançamento da Sede da Agência e o site do Museu Territorial Tekoa Jopo’í, apresentação de plano de trabalho e confraternização com roda de samba com o grupo Samba sem Patente. 

Endereço: Rua Margarida Rainha, 13

Horário: 16h

  • 13/05 – Trilha da Memória

Organizado pela Comunidade Cultural Quilombaque e pela Agência Queixadas, a ação Trilha da Memória tem o objetivo de promover e recontar a história de Perus de forma lúdica e criativa por meio de duas intervenções artísticas: a Queixadas Parade e a Reemplaca Memo(ria)

Inspirada na Cow Parade –  na qual esculturas de vacas em fibra de vidro são decoradas por artistas e espalhadas pelas cidades -, a Queixadas Parade contará com sete esculturas de porcos queixadas customizadas por artistas locais. A ação é itinerante, portanto diversas localidades (praças, escolas, feiras de rua, estação de trem, etc.) receberão as esculturas que terão como inspiração movimentos populares do território. 

Já a intervenção artística Reemplaca Memo(ria) tem como proposta principal renomear as ruas do bairro com 30 placas com nome de mulheres e homens queixadas. A intervenção artística possui o intuito de despertar a reflexão sobre os nomes de ruas  e como eles representam a memória coletiva. 

As placas terão um QR Code que levará para o site do Trilha da Memória, onde o público encontrará mais detalhes sobre as ações do projeto. 

  • 13/05 – Sarau D’quilo

O Sarau D’Quilo  convida todo o território para a leitura coletiva do “Manifesto dos Novos Queixadas”, escrito pelo educador Marins Godói. 

Lançamento do livro Poesia na Brasa do Sarau na Brasa.

O evento vai acontecer na Comunidade Cultural Quilombaque. 

Endereço – Travessa Cambaratiba, 05

Horário: 19h

  • 14/05 –  Roda de conversa sobre a Greve dos Queixadas

A Associação do Trabalhadores Aposentados da Indústria do Cal Cimento e Gesso de Perus realizará uma roda de conversa sobre a Greve dos Queixadas, com participação de Lucas Lopes de Moraes, do Centro de Memória do TRT-2 (autor do artigo, Greve de Perus: Queixadas com fome de justiça) e pesquisador do Núcleo de Antropologia Urbana da USP.

Endereço: Rua padre Manoel Campello, 182

Horário: 16h às 18h

  • 14 a 28/05 – Exposição de fotos

A Biblioteca Municipal Padre José de Anchieta, em parceria com o Centro de Memória Queixadas, vai realizar uma exposição 60 anos da Greve, com imagens da década de 1960 sobre o bairro e sobre a paralisação dos trabalhadores que durou sete anos. 

Também estará rodando continuamente o filme Os Queixadas, produzido pelo cineasta Rogério Corrêa, em 1978. Será disponibilizado um QR Code para que os interessados em assistir o média metragem na íntegra no Youtube do CMQ. 

Uma Cabine da Memória estará disponível nas ações realizadas na biblioteca para a coleta de memórias por meio da História Oral. Os interessados apenas entrarão nas cabines e deixarão seus depoimentos. 

Endereço: Rua Antônio Maia, 651. 

Horário: 08h às 17h (segunda a sexta) e 10h às 17h (sábado)

  • 15/05 – Visita da Ocupação dos Queixadas à Fábrica de Cimento de Perus com a Quilombaque

Trilha de aprendizagem sobre a história da Greve dos Queixadas de 1962.

Endereço – Travessa Cambaratiba, 05

Horário: 08h

  • 15/05 –  Exibição do documentário Turismo de Resistência 

A Agência Queixadas vai exibir o documentário Turismo de Resistência ao ar livre, na praça em frente ao Xavica’s Bar e à Casa do Hip Hop. 

Endereço: R. Júlio Maciel, 550.

Horário: 19h

  • 16/05Aula pública Por que a memória coletiva é importante?

A Casa do Hip Hop Perus convida todos para a aula pública Por que a memória coletiva é importante?

A aula terá a participação do Centro de Memória Queixadas. 

Endereço – Rua Júlio Maciel, 550

Horário: 19h

  • 18/05 e 25/05 – Exibição do curta Queixada que enfrenta tubarão

O vídeo  – produzido por Daniela Biancardi para o  Centro de Memória Queixadas e protagonizado por atores locais – retoma por meio de fragmentos os momentos vividos pelos trabalhadores Queixadas e suas famílias durante a Greve de 7 anos. 

A produção também mostra o processo de desenvolvimento do Centro de Memória Queixadas, inaugurado em março de 2022. 

A exibição será seguida por roda de conversa. 

O CMQ está localizado dentro da Biblioteca Municipal Padre José de Anchieta/ José Soró

Endereço: Rua Antônio Maia, 651. 

Horário: 15h (18/05) e 19h (25/05)

  • 18/05 – Queixadas – por trás dos 7 anos de greve: memória e direitos

Roda de conversa realizada no Centro de Memória Queixadas, com as jornalistas Jéssica Moreira e Larissa Gould, autoras do livro Queixadas – por trás dos 7 anos de greve.

Endereço: Rua Antônio Maia, 651. 

Horário: 19h.

  • 19/05 – Cine Teatro Pandora 

A Ocupação Artística Canhoba organizou a exibição de obras curtas com temáticas relacionadas à Greve dos Queixadas. 

A primeira exibição será do curta-metragem Uma conversa com Sr. Tião. Sebastião Silva de Souza (falecido em 2019) dá uma série de relatos sobre a Greve dos Queixadas.

Em seguida, o Grupo Pandora de Teatro apresentará um vídeo com trechos do espetáculo Relicário de Concreto. Criado em 2013, esse trabalho é inspirado nas memórias dos trabalhadores da Fábrica de Cimento Portland Perus e realizou mais de 100 apresentações circulando por diversas cidades do país.

As exibições serão seguidas de bate-papo entre os integrantes do Grupo Pandora de Teatro e profissionais da educação municipal acerca da pesquisa do grupo sobre Teatro, Memória e Território.

Local: Ocupação Artística Canhoba – Cine Teatro Pandora

Endereço – R. Canhoba, 299 – próx. a caixa d’água em Perus

Horário – 19h

  • 20/05 – Exibição do filme O Sepulcro do Gato Preto  

Em um telão, a Casa do Hip Hop vai exibir a obra O Sepulcro do Gato Preto (Lado Obscuro e Oloeaê Filmes), que relata a busca por um jovem desaparecido no subúrbio de São Paulo e o desaparecimento de uma comunidade inteira na região norte da cidade. 

Em meio à história da exploração do minério e suor dos trabalhadores locais, o filme mostra a luta dos moradores. 

O telão será na praça em frente à Casa do Hip Hop.

Endereço: R. Júlio Maciel, 550.

Horário: 19 h

  • 21/05 – Seminário TICP Jaraguá/Perus/Anhanguera

O seminário vai abordar o conceito de TICP – Territórios de Interesse da Cultura e da Paisagem e reconhecer práticas do/no Território, principalmente relacionadas à cultura, educação e meio ambiente.

Na ocasião, também será debatida a relação entre o TICP e o Plano Diretor Estratégico do Município de São Paulo.

Endereço – CEU Perus – R. Bernardo José de Lorena, S/N 

Horário – 14h às 18h

  • 23/05 – 60 anos da Greve dos Queixadas: como a escola conta essa história

O Coletivo Noroeste Paulo Freire convida para a conversa 60 anos da Greve dos Queixadas: como a escola conta essa história.

O evento contará com a presença de Simone Scifone – geógrafa, professora do Departamento de Geografia, da FFLCH (USP) – e Maria Helena Bertolini, doutora em Educação pela USP e ativista de movimentos de educação.

Endereço – CEU Perus – R. Bernardo José de Lorena, S/N 

Horário – 19h às 20h30

  • 24/05 – Coleção Queixadas Resistência

Casa Preta Perus faz a produção da Coleção Queixadas Resistência

Endereço – Rua Salmista, 40

Horário – a definir 

  • 28/05 – Festa Cultural: Homenagem aos Queixadas

Todos os anos no mês de maio é realizada a Festa Cultural do CIEJA Perus I.  Na festa deste ano letivo de 2022 será realizada uma homenagem aos Queixadas. 

Endereço: Rua Francisco José de Barros, 160

Horário: 18h30 às 21h30

Sobre

A Grande Greve – O dia 14 de maio representa um dos momentos mais simbólicos das lutas da classe trabalhadora brasileira. Nesta data, no ano de 1962, foi iniciada a Greve de 7 Anos – a mais longa da história sindical do Brasil – protagonizada pelos trabalhadores da Fábrica de Cimento Portland Perus, bairro na região noroeste de São Paulo. 

A Fábrica de Cimento de Perus – Tombada como patrimônio histórico da cidade de São Paulo desde 1992, a Fábrica de Cimento de Perus – primeira do setor no Brasil – continua esquecida pelo poder público, enquanto o prédio se deteriora a cada dia. Mas, os movimentos sociais da região não se cansam e, há mais de trinta anos, lutam pela construção de um centro de cultura e memória do trabalhador no local abandonado.

O Movimento pela Reapropriação da Fábrica de Cimento – Desde o fechamento da Fábrica de Cimento, em 1986, os Queixadas – junto aos moradores do bairro envolvidos nas lutas da comunidade – desejavam a desapropriação, o tombamento e a transformação do espaço. 

Para isso, foi criado o Movimento em defesa da Fábrica, como um bem tombado e um cenário de luta, união e solidariedade. O Movimento sempre se dedicou à preservação da Fábrica de Cimento, além da história e memória dos trabalhadores, das famílias e da comunidade.

Ao longo dos anos, muitos foram os projetos para a construção de um centro de cultura no espaço da Fábrica, tombada pelo município de São Paulo, em 1992.

Em 2012, o Movimento pela Desapropriação e Transformação da Fábrica foi retomado, recebendo reforços de diversos coletivos artístico-culturais do território, bem como escolas públicas, estudantes e pesquisadores de universidades.

O Movimento foi renomeado como Movimento pela Reapropriação da Fábrica de Cimento de Perus, defendendo a mesma proposta de instalação de um Centro de Lazer, Cultura e Memória do Trabalhador, nas áreas tombadas pelo CONPRESP. 

A iniciativa reúne diversos movimentos locais atuantes na luta pela destinação pública da Fábrica, instituições científicas e outros. Retoma a pauta de lutas e a necessidade de atribuir um papel social à Fábrica.

Saiba mais em https://movimentofabricaperus.wordpress.com/.